. Avós
Já não os tenho.
Mas tenho recordações, muitas...
Não conheci a minha avó materna. Tenho pena. Gosto de ouvir falar dela.
O meu avô materno viveu connosco até aos meus 7-8 anos.
Lembro-me dos passeios a dois, da sua preocupação em não nos deixar cometer erros gramaticais (eu, como menina, nunca podia dizer obrigado, mas sim obrigada), dos truques de magia com as cartas (como eu me deslumbrava).
Depois, lembro-me de o ver sucumbir à doença (ou velhice, como se dizia), de já não poder sair de casa sózinho, de cair na cama e assim morrer. Não chorei quando soube da sua morte (provavelmente, e apesar de ser criança, sabia que tinha sido melhor assim e, afinal já lá iam 86 anos). Mas chorei, chorei muito, de cada vez que as suas faculdades (fisicas e mentais) iam diminuindo.
Restavam-me os meus avós paternos que viviam numa linda terra transmontana - Vila Real (é lá que ainda hoje recupero forças).
Viveram mais uns 20 anos. E que anos felizes...
As férias, os natais...as histórias, os doces, os mimos, os ensinamentos, as lições de vida e de amor (o meu avô morreu de mão dada com a minha avó e ela, chorou desalmadamente), a protecção. Protegiam-nos até dos nossos pais, quando eles teimavam em nos ralhar porque faziamos muito barulho durante os nossos serões (noites inteiras vá) à lareira. Diziam que preferiam ouvir-nos toda a noite do que não saberem por onde andavamos.E eles é que sabiam.
Protegiam-nos, também, dos safanões das nossas mães, porque durante a noite comiamos as sobremesas do dia seguinte.
Lembro-me da broa acabada de cozer, com a manteiga a derreter, do cheiro a café (cevada Delta) logo pela manhã. Nunca mais fui capaz de beber cevada Delta.
Sinto tanto a vossa falta...
. Blogs que eu cusco